quinta-feira, 3 de julho de 2014

Condicionamento físico - Parte I

Para que todos possam entender um processo de condicionamento físico, é preciso compreender os princípios que o regem. Todo condicionamento físico é um treinamento e obedece regras e processos, ou seja, fases que o corpo humano tem que passar para “colher” seu objetivo.

Revista Bicicleta por Prof. Daniel Branco / CREF 1176/G PR
15/07/2013
Condicionamento físico - Parte I
Foto: Araraadt
Não importa se estamos lidando com jovens, adultos ou terceira idade. Todo o processo depende de uma palavra muito utilizada em treinamento desportivo: base. Cada esporte tem sua forma de gerar a tal base. Por exemplo, um iniciante que procura uma academia para condicionamento muscular não deve realizar rotinas de um praticante avançado. É preciso desenvolver uma base com muitas horas de academia.
Se, por exemplo, utilizarmos um corredor de maratonas (42 km), teremos que dividir seu ano ou período em que está se preparando, em fases bem distintas e claras. Temos de treinar por alguns meses grandes quilometragens, para só então, após uma boa base de quilometragem, contar com respostas fisiológicas melhores para realizarmos treinos mais intensos (treinamento intervalado, treinamento de montanha/subida; treinamento de força; treinamento de potência etc.).
No ciclismo não é diferente. Temos que “girar” muita quilometragem por dia ou semana (ciclistas avançados). Grandes ciclistas de voltas internacionais e olímpicos podem acumular 70.000 km por ano. Mas é claro que só a alta quilometragem não define um bom ciclista. Existe um “segredinho” em treinamento que é a relação volume (quilometragem) x potência. Aliás, esta palavra, “potência”, faz toda a diferença nos atletas de qualquer esporte. Porém, para treiná-lo é preciso base de força.
Depois de um bom planejamento ou projeto, ninguém constrói um prédio ou uma ponte sem base ou alicerces, ou seja, a base é a segunda fase de uma obra. Na preparação física também temos de planejar para depois executar. Não podemos “colocar a carroça na frente dos cavalos”.
Ainda hoje me deparo com “atletas” que não conseguem melhorias substanciais em suas competições. Mas, ao observar seus planejamentos - isso quando existe um - percebo que estão treinando um tipo de valência fora da fase para qual estão se preparando. Por exemplo: um triatleta que está há menos de dois meses de um Short Triatlon deveria estar treinando distâncias mais curtas com mais intensidade/potência e muita transição entre as modalidades. Mas é comum vermos nas estradas a “galera” fazendo altas quilometragens (100/120 km) num domingo. Isso é incompatível com a intensidade e tipo de prova, principalmente para aqueles que almejam tempos abaixo de 70 minutos no short.
Então, quanto mais intensa for a exigência de uma prova, mais complexos tornam-se os treinamentos. Em esportes coletivos como o futebol profissional, durante os 90 minutos um atacante pode correr 13 km com várias acelerações de curta distância. Portanto, não deveríamos fazer estes atacantes correr longas distâncias em períodos de competições. O que ele necessita é muito treino de força para melhorar a velocidade e potência.
Um outro quesito muito importante é a falta de treinamento de força e de endurance neuromuscular nos planejamentos ou planilhas. Não podemos fazer uma sessão de musculação em substituição a um treino de estrada ou pista só porque está chovendo: estes treinos de força têm que fazer parte dos treinamentos semanais durante todo o ano.

Dicas para os que pretendem iniciar nos treinamentos:

1. Avaliação Médica (exames clínicos);
2. Avaliação Física (testes fisiológicos de esforço); treinar um pouco abaixo do limiar no começo de temporada; depois treinar em cima do limiar e só depois, quando estiver bem adaptado, tentar treinar acima do limiar, tentar suportar por mais tempo possível os esforços neste patamar fisiológico. Não é fácil!
3. Divida o mês em semanas: fácil, média ,“choque” e recuperativa;
4. Repetir a mesma avaliação a cada, no máximo, três meses;
5. A sobrecarga deve ser colocada ascendente e progressivamente;
6. Procure aumentar gradativamente a duração das pedaladas, para depois melhorar seu tempo;
7. Inclua na sua rotina treinos de força. Não se intimide em colocar muito peso em alguns aparelhos. Portanto, escolha uma academia que possa dar suporte de “quilagem” em aparelhos de membros inferiores (ciclistas e corredores);
8. Não se preocupe caso a sua massa magra aumente, pois este treinamento não visa transformar ninguém em fisicultor.

Mochila de hidratação


Mochilas de Hidratação

As caramanholas suprem a necessidade de hidratação durante a prática de exercícios, mas elas não são a última palavra em armazenamento de água para prática de esportes com longa duração, como o ciclismo. As caramanholas não raro armazenam uma quantidade pequena de água, o que às vezes exige que você leve mais do que uma, e a maioria delas deixa a água esquentar rapidamente, a não ser que sejam térmicas...

Revista Bicicleta por Pietro Petris

Mochilas de Hidratação
Foto: Divulgação
Roger Fawcett, na década de 80, passava por esses problemas constantemente. Ele morava em uma região muito quente do Texas, EUA, e andava de bicicleta carregando um cantil com pouca água, que em pouco tempo esquentava. Isso o levou a desenvolver uma mochila que pudesse transportar água em maiores quantidades e sem que ela esquentasse rapidamente. 
A mochila de hidratação de Fawcett utilizava tecido especial, que era impermeável e mantinha a temperatura da água. A ideia logo foi adotada por ciclistas, e em pouco tempo, por corredores de rua, aventureiros e outros esportistas. 
Hoje, as mochilas de hidratação continuam evoluindo e se tornam cada vez mais populares. É possível encontrar mochilas de hidratação em lojas de artigos esportivos, em vários modelos, cores, tamanhos e capacidades. Os preços também variam, começando em torno de R$ 50,00 e ultrapassando R$ 500,00 nos melhores modelos.
As mochilas de hidratação são práticas em grandes pedaladas ou esportes de longa duração. “Uso a mochila de hidratação em pedais acima de 100 km”, comenta André Fernando Martins Castro, de Guarujá – SP, “mas ainda uso caramanholas.” Ricardo de Freitas Pereira, de Cotia – SP, também comenta: “Uso a mochila em todo pedal que planejo acima de duas horas [...] abaixo desse tempo uso apenas a caramanhola”.

Como são e como funcionam

As mochilas de hidratação são constituídas basicamente por uma mochila e um reservatório de água com uma mangueira, que sai da mochila. 
A mochila pode ser pequena e simples, suficiente apenas para transportar o reservatório, ou pode conter outros compartimentos de vários tamanhos. A maioria das mochilas que possuem compartimentos extras têm estes compartimentos pequenos, mas existem opções que constituem verdadeiras ‘mochilas de alpinista’, com capacidade para vários litros – tanto no reservatório de água quanto nos outros compartimentos. No Brasil, é mais comum encontrar mochilas pequenas e médias. Mas existem modelos com mais de 30 litros de volume, desenvolvidos para grandes travessias, que têm cada vez mais aceitação.

As mochilas atuais utilizam tecidos leves e resistentes. Em alguns casos, possuem construção especial no costado que permite que o ar circule constantemente, evitando que o suor encharque a roupa. Os sistemas de ventilação no costado também servem para minimizar a irradiação de calor das costas para dentro da mochila, onde está o reservatório. Desta forma, a água demora mais para esquentar.
Não raro também possuem uma ou mais presilhas nas alças, que garantem que ela ficará no lugar durante toda a prática do esporte ou exercício.
O reservatório pode ser constituído de diferentes materiais, como poliuretano flexível, polietileno ou outros, desde que estejam de acordo com as exigências legais. Esses materiais são flexíveis e resistentes. A mangueira possui constituição similar.

Modelos mais avançados contam com compartimento do reservatório fabricado com material que mantém a temperatura do líquido por mais tempo. Mas também é possível fazer com que a temperatura se mantenha por mais tempo utilizando materiais simples. “Uso um isolante caseiro feito de EVA para dias muito quentes”, comenta André Fernando Martins Castro, “e funciona melhor que o original”.
Os reservatórios podem ter abertura por rosca ou por trava deslizante, que lembra um zíper e permite que o reservatório seja aberto como um pacote. 
Já a saída de líquido da mangueira normalmente possui algum dispositivo que bloqueia ou libera a saída de líquido. Para liberar a vazão de líquido, na maioria dos modelos, é necessário morder a ponta da mangueira e sugar o líquido. 

Vantagens e desvantagens

As mochilas de hidratação são vantajosas, principalmente em práticas esportivas de longa duração, pois armazenam uma quantidade maior de líquido.
Caramanholas não costumam ter mais de 750 ml, enquanto mochilas de hidratação tem de 1,5 a 3,0 litros, na maioria dos modelos. Ou seja, é possível levar o conteúdo de até quatro caramanholas em uma mochila. “Leva-se água em proporção que garante a hidratação em todo o percurso”, afirma Ricardo de Freitas Pereira.
Mas não é só água que se leva em uma mochila de hidratação. “A vantagem principal é poder levar todo material necessário para fazer uma trilha, seja água, alimento, ferramentas, kit de remendo, celular...”, afirma Leandro Marco da Silva, de Sabará – MG.
A mochila, por ser fechada e estar presa nas costas do ciclistas, garante que tudo que está dentro dela permanecerá ali até o fim da pedalada. “Vou citar um fato que me ocorreu na segunda etapa do Brasil Ride 2013”, conta Ricardo de Freitas Pereira: “preferi colocar na mochila apenas água, evitando que esse reservatório ficasse com gosto das soluções isotônicas que uso. Nas duas caramanholas coloquei água e duas pastilhas de suum em cada uma. Ainda antes do km 30, dos mais de 140 km da etapa, a caramanhola do suporte do canote ficou pelo caminho sem que eu percebesse”. 

Mas uma desvantagem da mochila de hidratação, no caso de mochilas sem construção do costado que ventile o ar pelas costas, é o suor. Alguns modelos aquecem ou esfriam as costas, causando desconforto. “Nas etapas longas do Brasil Ride, onde o calor ultrapassava os 40 graus, em alguns poucos momentos elas se tornavam um incômodo, mas que não invalidava as vantagens. Nesse caso, além de água, ferramentas e as coisas da bike, ainda levávamos kit primeiros socorros e alimentação adicional com pães”, recorda Ricardo.
Outra desvantagem nas mochilas mais simples é a manutenção, que tem de receber muita atenção para não danificar o equipamento. Limpezas regulares são necessárias, o que consome tempo. Mochilas mais avançadas são construídas com materiais que não exigem tanta manutenção.
Leandro Marco da Silva ainda comenta que outra desvantagem é “o deslocamento do centro de gravidade, mas não chega a atrapalhar de forma decisiva”.

Cuidados e manutenção

Mochilas de hidratação exigem alguns cuidados específicos, principalmente em modelos mais simples.
É recomendado que não sejam colocados líquidos com muito açúcar no reservatório, devido ao gosto residual que podem deixar no reservatório e por aumentarem a facilidade da proliferação de micro-organismos. É mais recomendável colocar somente água.
Sempre que chegar de uma pedalada ou outro esporte, é importante limpar e secar o sistema de hidratação. Guardar a mochila com o sistema molhado ou simplesmente úmido pode contribuir para criar micro-organismos dentro do reservatório e da mangueira.
Não se deve utilizar solventes para limpar a mochila ou o sistema de hidratação. Eles podem causar danos ao sistema ou liberar substâncias prejudiciais.
Ao limpar o sistema de hidratação,  pode-se usar detergente neutro e enxaguar bem com água morna. Mas atenção para com a temperatura da água, se ela estiver muito quente causará danos ao sistema!
A limpeza pode ser completada com solução fraca de bicarbonato de sódio ou água sanitária diluída. Pastilhas para limpar dentaduras também são eficientes.
Existem muitas receitas para limpar mochilas de hidratação, dentre elas, deixar o sistema de hidratação de molho com solução de bicarbonato de sódio e suco de limão; ou colocar sal grosso dentro do reservatório com suco de limão e chacoalhar. Porém, são indicadas para limpezas mais profundas.
Deve-se ter cuidado com objetos cortantes e pontudos dentro da mochila, para que estes não venham a danificar o reservatório ou mesmo a mochila.
E vale lembrar que carregar peso demais na mochila trará danos não apenas ao equipamento, mas também à saúde e bem-estar.

Ao escolher uma mochila de hidratação

É importante ficar atento na hora de comprar uma mochila de hidratação. Se você busca apenas hidratação, existem muitos modelos básicos que servem exclusivamente para isso. Mas alguns compartimentos para carregar acessórios, como kits de reparo, comida, celular ou outros itens podem ser muito úteis. Muitas mochilas também trazem capa de chuva embutida.
Para quem pedala à noite, mochilas com materiais refletivos são mais seguras.
Nem todas as mochilas possuem revestimento térmico no compartimento do reservatório. Se esse for um item indispensável para o comprador, é importante examinar e conhecer o máximo possível sobre a mochila antes de adquiri-la. 
O que é bom, não raro, é caro, portanto, compre o melhor que puder, mas sem se precipitar. Gastar pouco pode fazer você gastar mais de uma vez.
Confira alguns modelos que estão no mercado:


Peça a opinião de quem já utiliza e entende do assunto, não apenas de um vendedor que só tem a visão mercadológica! Quem já usa também pode lhe informar sobre o que não comprar. Algumas mochilas possuem acabamento ruim, pouca resistência, deixam gosto na água, são difíceis de limpar ou deixam as costas muito suadas ou geladas. E na maioria das vezes a única maneira de descobrir é experimentando, portanto, peça ajuda.
Com os devidos cuidados sua mochila vai proporcionar muita praticidade e, é claro, hidratação!